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Viagens com Especialistas
VIAGEM EM GRUPO
3 refeições«Fiz em tempos um trabalho de investigação no terreno nos Emirados e em Omã e logo num encontro que tive com o mais alto responsável pelo departamento de História do Ministério da Cultura e Património desse último país, o professor Mohamed Said Nasser Al-Wahaibi, ele lançou um apelo aos investigadores portugueses para ali irem estudar o legado deixado pelos nossos antepassados há cinco séculos.
“Parece impossível que não tenha ainda sido destacado para cá um embaixador português ou criado um centro cultural”, lamentava esse catedrático omani. “Vendo bem coisas, o intercâmbio entre Portugal e o nosso país durou cento e cinquenta anos”. (…) – Joaquim Magalhães Castro
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Ponto de encontro em frente à nossa agência do Porto. Viagem em transporte privado até ao Aeroporto de Lisboa (possibilidade de embarque de passageiros em algumas saídas ou área de serviço da autoestrada A1). Embarque em voo regular com destino ao Dubai. Pernoitaremos nesta cidade.
Noite – Dormida no Hotel Sheraton Dubai Creek 5* ou similar.
A manhã será destinada a visitar o bairro histórico da cidade do Dubai, situado nas margens do Creek, que atravessaremos de abra (táxi aquático). Frequentado ainda hoje por comerciantes e pescadores, este local foi em tempos o porto de pesca de pérolas mais bem-sucedido do Golfo Pérsico. Sente-se ainda o frenesim mercantil quando percorremos o bairro histórico de Al Fahidi, devidamente guardado pela sua fortaleza, e os souqs especializados em objectos de ouro e as mais diversas especiarias. Oportunidade ainda para aprender algo sobre as tradições e o legado histórico deste Emirado numa breve visita ao recém reconstruído bairro de Shindagha. Após o almoço regressamos ao aeroporto para apanharmos o voo que nos levará até Salalah, antiga capital do Sultanato de Omã. Jantar.
Noite – Dormida no Hotel Salalah Gardens 4* ou similar.
Localizada na região de Dhofar, na costa do Mar Arábico, Salalah é um destino turístico único, pois combina uma espectacular beleza natural com um rico património histórico-cultural. A pouco mais de meia centena de quilómetros da cidade, a oeste, dá-nos as boas vindas a praia de Mugsail, longa extensão de água cristalina, areia branca e belos penhascos. Não muito longe dali encontra-se o miradouro de Masoud onde disfrutaremos de vistas panorâmicas deslumbrantes sobre um mar verde esmeralda azulado e toda a costa circundante. Mais adiante, espera-nos nova surpresa: a bela ‘praia escondida’ de Al Fazayah. Após o almoço, oportunidade para visitar o parque arqueológico de Al Baleed, que alberga as instalações do Museu do Franco-Incenso. Este era o antigo porto de Zafar, mencionado por Ibn Battuta e Marco Polo, cuja prosperidade resultava do comércio de longa distância em especiarias e cavalos árabes. Segue-se o sítio arqueológico de Sumhuram – no estuário de Khor Rori, Património da Humanidade – um dos grandes entrepostos comerciais do antigo reino pré-islâmico de Hadhramaut, associado à produção e exportação de olíbano. Após o regresso à cidade, paragem para fotografar o Palácio Real de Al Hosn, marco icónico que nos dará um vislumbre da história da realeza na região. Jantar.
Noite – Dormida no Hotel Salalah Gardens 4* ou similar.
Após o pequeno-almoço, e antes de seguirmos para Aeroporto Internacional de Salalah onde embarcaremos num voo com destino a Mascate, tempo para efectuarmos uma visita à Grande Mesquita de Qaboos. Uma vez confortavelmente instalados numa das melhores unidades hoteleiras da capital omanita, revitalizados com um saudável almoço, destinaremos a tarde ao puro lazer. Na marina local embarcaremos num dhow tradicional para um cruzeiro panorâmico ao longo da costa que atingirá o seu zénite ao pôr-do-sol. Relaxe e aprecie a beleza da paisagem a partir do convés desta típica embarcação, enquanto o astro-rei lança tons dourados sobre as montanhas e a superfície do mar. Após o cruzeiro, passearemos tranquilamente pelo Corniche – o pitoresco passeio marítimo tão querido do mundo árabe – ladeado por palmeiras e com vista para o porto e para os dhows ancorados nas plácidas águas. Jantar.
Noite – Dormida no Hotel InterContinental Mascate 5* ou similar.
A cidade de Mascate, capital de Omã, implantada entre a cordilheira montanhosa de Al-Hajar e o Golfo de Omã, preserva ainda muitos edifícios de traça omanita e impressionantes exemplos de arquitectura militar indo-portuguesa do século XVI. Mas antes dos sinais da história, duas modernidades obrigatórias: a Grande Mesquita de Sultan Qaboos (uma obra-prima da arquitectura islâmica moderna adornada com candelabros Swarovski e tapetes de seda tecidos à mão) e o edifício da Casa da Ópera Real de Mascate, que é a principal referência do Omã sempre que se fala em música, artes e cultura. Percorramos depois o animado bazar de Mutrah Souq – um dos mais antigos do mundo islâmico – com as suas lojas de joalharia, madeiras esculpidas, ornamentos, incenso e especiarias, antes de subirmos ao forte local, com excelentes vistas sobre a baía. Das três fortificações portuguesas existentes na capital omani, esta é a única visitável, pois o Al-Jalali (Forte de São João) e Al-Mirani (Forte do Capitão), ocupados pelo exército, só podem ser apreciados à distância. Após o almoço, o Museu Nacional será digno de uma visita atenta. Ali se expõe a herança histórico-cultural daquele que foi já um império – essencialmente marítimo. É claro que nos merecerá também a atenção o Bait Al Zubair – museu privado com uma notável colecção de artefactos omanitas –, assim como a foto do Palácio Al-Alam, residência oficial do Sultão, e um edifício conhecido como Beit al Greiza: reminiscência do antigo convento agostiniano que chegou a ter seis frades residentes. Consta que o conhecido aventureiro Rui Freire de Andrade foi sepultado nesse local em Setembro de 1633, na capela-mor da igreja. Jantar.
Noite – Dormida no Hotel InterContinental Mascate 5* ou similar.
Al-Jalali (Forte de São João), fortificação de origem portuguesa em Mascate
Partida matinal para uma pitoresca viagem ao longo da costa do Golfo de Omã, visitando durante o percurso as fortificações portuguesas de Quryat e Daghmar, e ainda o espectacular Wadi Tiwi, visitado por Ibn Battuta, geógrafo e explorador árabe do século XIV. Prosseguiremos viagem até ao Bimah Sinkhole, uma deslumbrante piscina natural de 20 metros de profundidade com águas cristalinas. O mausoléu de Bibi Maryam, no topo de uma colina, é marco único na antiga cidade de Talhat, hoje património da Unesco, capturada por Afonso de Albuquerque em 1507. Almoço. Continuamos depois para Sur, posto naval português durante os séc. XVI-XVII, e um dos centros principais de construção de dhows, os navios tradicionais árabes utilizados na navegação e comércio de longo curso entre a Arábia, a África Oriental e o Subcontinente Indiano. Os portugueses acrescentaram-lhe importantes elementos – tais como o castelo à popa – passando essas embarcações a ser designadas de baggallas ou baghlahs. Visitaremos os estaleiros navais onde essas admiráveis embarcações ainda hoje são construídas recorrendo a técnicas antigas.
Após o jantar, impõe-se uma visita nocturna à reserva de tartarugas de Ras Al-Jinz, onde os visitantes podem testemunhar as fêmeas desses animais a nidificar durante a noite.
Noite – Dormida no Turtle Beach Resort ou similar.
Sur, posto naval português durante os séculos XVI e XVII
Hoje transitaremos da zona costeira para o deserto e pelo caminho visitaremos Al Kamil Wal Wafi, com o renovado castelo munido de valiosos artefactos antigos, e os bonitos e refrescantes Wadi Bani Khalid e Wadi Wawer. Aqui faremos um passeio pedonal ao longo de lagos de água doce rodeados pelas enormes escarpas do deserto. Será com certeza um momento bastante relaxante. Oportunidade para apreciar as peculiaridades da centenária mesquita de Al-Awaina. Após o almoço, a viagem prossegue, agora em veículos de todo-o-terreno, para o interior da Sharqiya, na extremidade oriental do deserto de Omã. As belas dunas de areia que se estendem até onde a vista alcança são conhecidas como Wahiba Sands. É nosso objectivo chegar ao acampamento antes do pôr do sol, para poder assistir à despedida do astro-rei a partir do topo das dunas. Quiçá haverá possibilidade de presenciar algo do quotidiano do povo beduíno – com um modo de vida semi-nómada – e a noite será certamente bastante estrelada: firmamento em todo o seu esplendor. Jantar.
Noite – Dormida no Arabian Oryx Camp ou similar.
Arabian Oryx Camp | Créditos: Shutterstock Inc.
Nizwa, uma das cidades mais antigas e tradicionais de Omã, grande centro urbano, comercial e religioso, é o destino final do dia de hoje. Pelo caminho, no centro histórico de Ibra, apreciaremos o mercado feminino local: amostra colorida de tecidos, bordados requintados e artesanato. Almoço. Continuaremos a nossa viagem através das montanhas, absorvendo a rica diversidade natural e cultural do sultanato. Passagem por Birkat Al Mouz munida de antigos sistemas hídricos de irrigação labirínticos – os afamados falajs. Em Nizwa visitaremos, pouco antes do pôr do sol, o forte da cidade. Um dos mais antigos e impressionantes exemplos da arquitectura militar omanita, foi construído no século XVII pelo Iman Sultan Bin Saif al-Y’aribi, um dos grandes adversários à presença portuguesa em Omã. Segue-se depois o animado e colorido Nizwa souq, um dos mercados mais antigos de Omã, repleto de comércio local e artesanato. Jantar.
Noite – Dormida no Hotel Al Bustan Inn ou similar.
Hoje permaneceremos no coração do sultanato com visita marcada para dois importantes marcos históricos. Começamos por Jabreen, onde apreciaremos, nos tectos da fortaleza local, requintadas pinturas e esculturas com versos do Alcorão, e seguimos depois para forte de Bahla, património da Humanidade. Prosseguimos viagem até à típica aldeia centenária de Al Hamra, o local ideal para apreciar devidamente a arquitectura tradicional do Omã. As suas casas de barro – algumas com centenas de anos, mas ainda intactas, e todas com portas de madeira esculpidas – são a imagem de marca da região. Visitaremos nas imediações o Bait Al Safah, um museu de história viva que exibe a herança omaniana. A norte daí, mostra-se em todo o seu esplendor Jebel Shams, o ponto mais alto de Omã, parte integrante da cordilheira do Hajar, conhecido como ‘Grand Canyon’ do Golfo. Almoço entre visitas. Jantar.
Noite – Dormida no The View ou similar.
Hoje, após um passeio madrugador, regressamos à orla marítima passando por Bilad Sayt – aldeia tradicional ainda preservada do turismo de massas e o Wadi Bani Awf – um espectacular uádi com água de nascente durante todo o ano. Esta região apresenta encantadoras aldeias nas montanhas e o impressionante Snake Canyon, que nos proporcionará uma aventurosa travessia todo-o-terreno pelas montanhas do Hajar. Majestosa fortaleza do século XVIII localizada em Rustaq, o Castelo de Al Hazm é um dos melhores exemplos da arquitectura islâmica de Omã. Possui enormes portas de madeira, passagens secretas e um interior bem restaurado. Com as suas torres estratégicas, depósitos de tâmaras e arcos elegantes, Al Hazm é um excelente exemplo da rica herança militar local. Ali se guardam, como um tesouro, vários canhões portugueses, sinais dos acesos conflitos de outrora. Ao longo da costa faremos uma breve paragem num local icónico: Barkha. As fundações do forte local tem comprovada origem portuguesa. Iremos visitá-lo. Almoço entre visitas. Teremos hoje oportunidade de degustar a comida tradicional omani num jantar de despedida no restaurante Rozna.
Noite – Dormida no Hotel Hormuz Grand 5* ou similar.
Após o pequeno almoço, transfer até ao aeroporto de Seeb para embarque em voo regular com destino a Lisboa, via Dubai. Chegada a Lisboa e continuação para o Porto em transporte privativo. Fim da viagem.
No mundo antigo era o franquincenso, hoje é o petróleo. A riqueza do sultanato de Omã. Mas também tem muitas potencialidades turísticas; ainda pouco exploradas. Orla costeira com areais infindos e água cristalina. Desertos e montanhas com os afamados uádis; aldeias de traça original. E fortalezas. Muitas fortalezas. Quantas delas obra dos portugueses.
Chega-se hoje a Omã, ao aeroporto de Seeb (Sibo), exactamente no mesmo local onde, no século XVI, os lusos navegadores arribaram, tendo anos depois erguido um forte.
Em Omã não só existem vestígios da arquitectura militar, como há muitas palavras de origem portuguesa – bandera, greja, mesa, roda, já para não mencionarmos os luso-descendentes que se encontram um pouco por toda a península arábica – a Arábia Felix dos antigos – com maior incidência na zona montanhosa do Omã e também – já em território dos Emirados Árabes Unidos, que integrou até 1972 aquele que era então conhecido como império omanita – a área vizinha à península de Mussandão, no estreito de Ormuz.
É comum verem-se ainda hoje nessa região pessoas de olhos claros. Facto que os mais atentos bem podem constatar. E o que dizer das corridas de touros regularmente organizadas na província nos meses de Inverno e do fabrico, mais ou menos ilegal, de uma aguardente local à base de figo?
Ahmed Shekar, ancião local que se orgulha de ser um dos últimos a perpetuar a tradição oral em Ras Al Khaimar, não tem dúvidas que essa gente de tez e olhos claros descende dos portugueses. “A seu respeito circulam inúmeras histórias, algumas delas meras lendas, mas outras verdadeiras”, diz. “Ainda hoje eles são temidos e respeitados pelos restantes árabes.”
Detentor de uma valiosa colecção de armas brancas e de fogo, Ahmed Shekar faz questão de me mostrar um arcabuz que afirma ser português. Dado o seu aspecto artesanal, é provável que a peça em questão remonte ao século XVI. Segundo ele, todos os membros da tribo Habouss (Habus) descendem directamente dos soldados portugueses que se refugiaram nas montanhas, depois dos árabes terem reconquistado a cidade de Julfar. E não só desses, mas de muitos outros aventureiros e mercenários que ali buscaram abrigo ao longo dos cento e cinquenta anos de pelejas entre portugueses, árabes, persas, turcos e ingleses pelo controlo de toda aquela estratégica região.
Também nas aldeias montanhosas do Al Hajar – Roda, Sabatan, Charmina e Ravina, hoje abandonadas – habitaram descendentes de portugueses, gente da dita tribo Suhur, ou Shihuh.
Fiz em tempos um trabalho de investigação no terreno nos Emirados e em Omã e logo num encontro que tive com o mais alto responsável pelo departamento de História do Ministério da Cultura e Património desse último país, o professor Mohamed Said Nasser Al-Wahaibi, ele lançou um apelo aos investigadores portugueses para ali irem estudar o legado deixado pelos nossos antepassados há cinco séculos.
“Parece impossível que não tenha ainda sido destacado para cá um embaixador português ou criado um centro cultural”, lamentava esse catedrático omani. “Vendo bem coisas, o intercâmbio entre Portugal e o nosso país durou cento e cinquenta anos”.
Al-Wahaibi recebeu-me no seu escritório, situado no segundo andar do edifício adjacente ao Museu de História Natural, e nem foi preciso colocar-lhe qualquer questão. Bebida a taça de café, símbolo da hospitalidade beduína, o historiador desatou a falar. Com carácter de urgência.
“É preciso que se estreitem os laços entre portugueses e omanis” – dizia. “Para isso, há que fazer um estudo das suas relações sociais e até mesmo consanguíneas”. Sentia-se, pelas suas palavras, que o desejo do professor era genuíno. “Em Omã tudo que se conhece acerca de Portugal enquadra-se numa perspectiva militar”, continuou. “Sabe-se que os portugueses aqui chegaram com a sua armada, combateram os omanis, conquistaram o reino, tentaram espalhar o Cristianismo e, século e meio depois, derrotados, acabaram por ser expulsos”. Mas na sua opinião esses eram aspectos de somenos importância. A serem desdenhados, pois a história já os julgou sobejamente. “Entretanto, nos outros domínios tudo está por fazer. É urgente que venham cá investigadores portugueses, nem que seja para fazer um estudo apurado sobre as vossas fortalezas”. Repare-se que Al-Wahaibi referia “vossas fortalezas” e não “nossas fortalezas”. Surpreendente afirmação, sobretudo da parte de um representante de um governo que tenta minimizar o papel dos portugueses (ou de quaisquer outros estrangeiros) na formação do país. Se entrarmos no domínio da miscigenação de raças, a coisa complica-se ainda mais. No actual mundo árabe, malgrado os gigantescos fossos que continuam a separar países como a Arábia Saudita, o Iraque ou a Síria, quem quiser singrar na vida convém que se afirme como árabe acima de qualquer outro parentesco ou simpatia.
Mas este catedrático de Mascate não era uma pessoa qualquer. Estivera em Portugal por duas ocasiões, para “organizar semanas culturais omanis com o apoio da Fundação Gulbenkien”, e conhecia bem alguns eruditos portugueses. Nomeadamente o historiador Dias Farinha, “um grande amigo”. Al-Wahaibi dizia-se impressionado pela abundante documentação que encontrou na Torre do Tombo e referia as “similaridades físicas comuns aos nossos povos”, para concluir, com toda a convicção, que “são mais os laços que nos unem do que aqueles que nos separam”.
O encontro com o professor Al-Wahaibi e o livro escrito em árabe que ele me mostrou, e que comporta todos os fortes do Omã, pode muito bem servir de roteiro a esta viagem. Muitas das suas páginas são dedicadas à presença portuguesa. Representados estão Vasco da Gama e Afonso de Albuquerque, em ilustrações da época, e um interessantíssimo desenho mostrando-nos em detalhe naus portuguesas, identificadas pelos nomes dos seus capitães, estrategicamente posicionadas na baía de Mascate, preparando-se para mais uma batalha contra os turcos otomanos. Lado a lado, com as fotos actuais das fortalezas, encontram-se retratadas plantas da época, arquivadas hoje na Torre do Tombo.
O professor mencionava os fortes da orla costeira, enquanto me mostrava reproduções das plantas da época com a sua exacta localização geográfica. “Do forte de Seeb, Sibo em português, já nada existe. Foi aí construído o aeroporto internacional”. Um pormenor que não deixa de ser sintomático. Mesmo agora, no final do século XX, chega-se a Omã precisamente no mesmo local onde os portugueses arribaram há cinco séculos.
Em relativo bom estado de conservação – embora as restaurações efectuadas pelas equipas arqueológicas omanis tendam a islamizar as ameias originais – está o forte de Quryate (Coriate, em português) a 90 quilómetros de Mascate. “Perto daí”, informava o professor, “na pequena aldeia de Daghmar há uma ruína que os locais chamam ‘Torre do Luís’”. “Luís é nome português, não é?” – perguntava. “Será Camões. Será ela dedicada a Camões, o vosso poeta imortal?”
E não é apenas o nome Luís que baptiza torres. “Em Mascate, uma das passagens no actual muro da cidade que circunda os castelos e o palácio do sultão, é conhecida como ‘Torre do Cabrita’. O professor mostrava a reprodução de um mapa português do século XVI com o plano da cidade, onde estão presentes os dois fortes e os muitos fortins que dominavam a entrada do estuário. “O que se situa a leste chamava-se forte de São João, e o outro, a oeste, era o forte do Capitão”. Os actuais nomes dessas fortificações – Jalali e Mirani – correspondem “aos apelidos dos chefes militares persas de antanho” que conquistaram Mascate aos portugueses. No sopé deste último, do forte do Capitão, existe, paredes meias como uma mesquita, um edifício de paredes brancas – a “beita-greiza” – que serve hoje propósitos administrativos. Precisamente nesse local situava-se uma das duas igrejas de Mascate, como se pode confirmar na carta da cidade desenhada em Quinhentos. A designação ‘greiza’ (de ‘igreja’) ficou, apesar do templo ter desaparecido há muito. O mapa antigo retrata ainda vários pelouros e os torreões que os portugueses semearam pelas montanhas escarpadas, na altura ainda com algumas árvores, que cartógrafos antigos tiveram o cuidado de incluir nos seus trabalhos.
“No exterior do castelo 2, de Mada, de Libedia, de Quelba. O de Fujairah, no emirato com o mesmo nome. Os fortes de Khasab e Kuzmar, já na península de Mussandão. No sul do país, o forte de Masirah, na ilha com o mesmo nome. E se alguns deles não são de construção portuguesa, há sempre um ou outro detalhe, um ou outro episódio ligado aos portugueses. É o caso do forte de Al-Hazm, que possui cinco canhões capturados aos portugueses, com o símbolo da coroa ‘reunificada’ do tempo dos Filipes gravada no ferro. Também o de Nizwa, antiga capital, que levou treze anos a ser erguido e tem no seu interior muitos dos despojos obtidos numa batalha contra os portugueses ocorrida em Diu.
O professor Al-Wahabi referia ainda um cemitério cristão nos arredores de Mascate e um túmulo nas imediações dos terrenos da antiga embaixada britânica, que agora fazem parte do Palácio do Sultão. Será o túmulo do incansável Rui Freire de Andrade? Certamente o personagem mais destacado na região – reputado e temido pelos locais devido à sua crueldade e punho de ferro –, Andrade foi uma verdadeira dor de cabeça aos desígnios dos ingleses na região. Muitos dos fortes foram mandados construir por esse capitão português. Sabe-se que o seu túmulo esteve na posse da embaixada inglesa, sem que nunca o Estado Português se tenha lembrado de o reclamar…
Mas não é só na documentação nacional do Omã que a história vem retratada. Existem referências a portugueses em livros árabes muito antigos. O professor Al-Wahaibi fez questão de me acompanhar ao andar de baixo do edifício do departamento de História onde, sob uma vitrina, está exposto um valioso documento de Seiscentos ilustrado com imagens de embarcações árabes ao lado das quais são perfeitamente visíveis naus e galeões portugueses. “Estas velas são iguais às vossas, não é?” – perguntava ele, sabendo de antemão a resposta. As ‘baggalas’, embarcações locais, depois da passagem dos portugueses passaram a ser construídas com uma coberta a ré. O uso de pregos foi outra das contribuições lusas na construção naval. No plano estritamente militar, é importante não esquecer as espingardas e canhões, desconhecidas no mundo árabe até à chegada das caravelas.
No verso das notas de 10 rials – uma das denominações mais altas da moeda omani, cujo nome deriva do termo ‘real’ – é português o forte representado. O forte de Mutrah – Matara, na versão dos mapas portugueses da época.
Apesar de investigadores como Al-Wahaibi alertarem para a importância de se preservarem todos esses vestígios, o certo é que nas sucessivas campanhas arqueológicas realizadas nesses locais nunca estivera presente qualquer técnico português. E era italiano o investigador que, pelo nome, Paolo Costa, poderia ser português, quem mais se tinha especializado sobre a história do sultanato. Também ele – para além do ‘nosso’ Charles Boxer, no que ao Oriente diz respeito – tinha escrito sobre a preponderante influência portuguesa na cultura omani.
Num despacho da agência Lusa, por altura da Expo-98, dizia-se esperar “que com a Expo-98, a comunidade académica portuguesa se possa interessar pelo estudo daquela área” e anunciava-se um colóquio, no pavilhão dos Emiratos Árabes Unidos sobre Majid Al Nadji, o grande navegador árabe que acompanhou Vasco da Gama na sua viagem até à Índia, e a sua influência na navegação portuguesa.
O Omã, porém, não esteve representado na última exposição do século, apesar do cônsul honorário ter um cartaz afixado na porta do escritório em Mascate… Os omanis tinham em Lisboa, de há uns anos a essa parte, dois investigadores que estudavam as relações entre estas duas potências marítimas do período do Renascimento. “Falta agora que Portugal envie gente ao meu país com a mesma missão”, alertava o professor Al-Wahaibi. “Pois é por aí que se deve começar. Pelo intercâmbio.”
Felizmente, nesta última década o panorama alterou-se. Foram já realizadas – sob os auspícios do emir de Sarjah – diversas campanhas arqueológicas conduzidas por investigadores portugueses. E outras estão programadas. Já não era sem tempo.
PREÇO POR PESSOA EM QUARTO DUPLO: 4.445€
SUPLEMENTO Quarto individual: 950 €
SINAL: 1.350 €
O PREÇO INCLUI:
• Transfer privativo Porto / Aeroporto de Lisboa / Porto;
• Assistência nas formalidades de embarque;
• Passagem aérea em classe económica Lisboa / Salalah e Mascate / Lisboa em voo regular Emirates com direito a 30 Kg de bagagem e respetivas taxas de aeroporto, segurança e combustível (100 €);
Lisboa – Dubai (duração aproximada 07h35)
Dubai – Salalah (duração aproximada 01h55) (voo operado pela FlyDubai)
Mascate – Dubai (duração aproximada 01h05)
Dubai – Lisboa (duração aproximada 08h15)
• Passagem aérea em classe económica Salalah / Mascate em voo regular com direito a uma peça de bagagem até 20 kg e respetivas taxas de aeroporto, segurança e combustível (20 €);
Salalah – Mascate (duração aproximada 01h35)
• Circuito em autocarro de turismo;
• Alojamento e pequeno-almoço nos hotéis mencionados ou similares;
• Pensão completa, desde o almoço do 2º ao jantar do 10º dia (9 almoços e 9 jantares).
• Acompanhamento por Especialista Pinto Lopes Viagens durante todo o circuito, desde e até um dos locais de partida (Porto ou Lisboa) – Joaquim Magalhães de Castro;
• Guia local falando Português no Dubai, Inglês em Salalah e em Espanhol em Mascate;
• Visitas e entradas conforme mencionado no programa;
• Gratificações a guias e motoristas locais;
• Taxas hoteleiras, serviços e IVA;
• Seguro Multiviagens PLUS.
O PREÇO EXCLUI:
• Visto de entrada em Omã (52 USD);
• Bebidas às refeições;
• Opcionais, extras de carácter particular e tudo o que não estiver mencionado com incluído.
• Condições específicas de cancelamento por parte do viajante:
– Até aos 75 dias antes da partida: 0
– De 74 a 45 dias antes da partida: 30% do custo total da viagem;
– De 44 a 30 dias antes da partida: 50% do custo total da viagem;
– De 29 a 15 dias antes da partida: 75% do custo total da viagem;
– De 14 a 0 dias antes da partida: 100% do custo total da viagem.
Salvaguardam-se as situações cobertas ao abrigo da nossa apólice de seguro de viagem no capítulo Cancelamento Antecipado.
• Condições gerais Pinto Lopes Viagens: Consulte aqui
• Informação relativa aos nossos Seguros de Viagem: Consulte aqui
• Os cidadãos portugueses encontram-se isentos de visto de entrada em Omã para estadias inferiores a 14 dias. A eventual revogação ou não prorrogação desta medida poderá implicar a obrigatoriedade de obtenção de visto, cujo custo é de 52 USD por pessoa. Esta eventualidade não poderá ser considerada motivo de cancelamento sem custos por parte dos participantes.
• Recomendamos Consulta do Viajante.
• Joaquim Magalhães de Castro rejeita grafia do NAO.
• Preço da viagem sujeito a flutuações cambiais.
• Programa elaborado a 3 setembro de 2025.
• Obrigatório Visto e Passaporte com validade mínima de 6 meses após a data de regresso, cuja fotocópia deve enviar previamente para a agência.
*Chamada para a rede fixa nacional