Monumento a Sibelius, Helsínquia, Finlândia: arte à prova de críticas

O compositor finlandês Jean Sibelius disse certa vez: “Não preste atenção ao que dizem os críticos. Nunca uma estátua foi erguida em homenagem a um crítico”. Parece uma ironia do destino que o monumento criado em sua honra pela artista Eila Hiltunen tenha sido alvo de tanta crítica e, no final, tenha vingado como um dos monumentos mais relevantes da capital Helsínquia e até mesmo da Finlândia.

Bem no centro do Parque Sibelius, que liga Mannerheimintie ao mar, há um monumento que faz ressoar o canto dos pássaros na primavera e o som dos trovões no inverno. Trata-se de uma montagem de quase 600 tubos de aço que se assemelham a um órgão, uma homenagem de Eila Hiltunen a Jean Sibelius, compositor finlandês que, por mais irónico que pareça, nunca compôs música para esse instrumento.

O monumento foi fruto de um concurso lançado pela Sociedade Sibelius, fundada logo após a morte do compositor, em 1957. Eila Hiltunen sagrou-se vencedora com esta peça, mas não sem ser alvo de muitíssimas críticas e tema de debate público durante anos.

É que o primeiro monumento público de cariz abstrato da Finlândia, uma fonte de cobre precisamente da autoria de Eila, tinha sido inaugurado apenas em 1961, ano de abertura da competição, e essa vertente artística ainda não era percecionada com bons olhos pela sociedade. Então, o comité do concurso usou esse argumento para convencer a artista a acrescentar um elemento figurativo à obra: o busto do compositor. Todavia, a suposta solução transformar-se-ia num novo problema. Considerou-se que a escultura não era representativa de Jean Sibelius nos seus últimos anos de vida, quando atingiu o auge da carreira, mas sim enquanto jovem, e que estava perfeitamente desenquadrada dos planos paisagísticos do parque.

Com a evolução dos tempos, os senãos foram ultrapassados e o Monumento a Sibelius é, hoje, um dos mais emblemáticos de Helsínquia e até mesmo da Finlândia. Há chefes de Estado e celebridades que viajam até lá especialmente para o ver e muitos deles exigem conhecer Eila, a escultora, em pessoa.

Sabia que…

… Eila Hiltunen ficou com asma brônquica crónica por estar horas e horas exposta aos vapores tóxicos da soldagem do metal, mesmo usando máscara protetora?

… existe uma réplica deste monumento no Palácio da UNESCO em Paris, à escala de 1:5?

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Créditos de imagem: Shutterstock Inc.

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