Colina das Cruzes (Kryziu Kalnas), Lituânia

A Colina das Cruzes, situada nos arredores da cidade de Siauliai, no norte da Lituânia, é um lugar como nenhum outro, onde se sobrepõem centenas de milhares de cruzes, umas maiores, outras mais pequenas, numa aparente e desconcertante desorganização. Foram ali deixadas ao longo dos últimos séculos por crentes, peregrinos e até mesmo viajantes sem qualquer afiliação à religião cristã. A história e a explicação por detrás do fenómeno são, simplesmente, fascinantes.

Tente imaginar milhares de cruzes de diferentes tamanhos e feitios. Agora, imagine essas cruzes cobertas de outras tantas, mais pequenas, de terços, rodeadas por estátuas e pinturas de santos a perder de conta. É assim a colina de Jurgaiciai, mais conhecida por Colina das Cruzes, cerca de dez quilómetros a norte de Siauliai, Lituânia. Um amontoado desorganizado de objetos de cariz religioso, mas com profundo significado político, que se transformou num dos principais locais de peregrinação cristã do Centro da Europa e atrai crentes dos quatro cantos do país.

Voltavam a aparecer como que por magia.

Já no século XX aconteceu algo espetacular. Em 1961, o governo soviético proibiu a colocação de mais cruzes naquela colina e decidiu deitar abaixo as que já lá estavam (mais de 5 mil) com recurso a bulldozers. Contudo, não interessava quantas vezes os bulldozers corriam a colina… as cruzes reapareciam sempre na manhã seguinte. Sinal da coragem de um povo que, determinado a não abdicar das suas tradições, ascendia ao local durante a noite para repor milhares de cruzes. A recuperação da independência lituana e o sentido de agradecimento que esta acarretou vieram trazer um novo fôlego ao costume, que foi reforçado ao ponto de ser necessário libertar as áreas circundantes para acolherem novas cruzes.

Hoje em dia, a colina é casa de aproximadamente 50 mil cruzes com as mais diversas histórias. Umas extremamente simples, outras verdadeiras obras de arte. Umas são pedidos a Deus, outras são oferendas de devotos que viram as suas preces correspondidas. E há ainda aquelas que vêm diretamente do resto da Europa ou de outros continentes, como a América ou até a Oceânia, e que às vezes chegam pela mão de turistas curiosos que nem sequer pertencem à religião cristã. São todas bem-vindas.

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