Postojna: uma herança insubstituível com 70 milhões de anos

Estalactites e estalagmites colossais que, no período de dez anos, crescem… 1 mm? Seja bem-vindo(a) às Grutas de Postojna, uma das mais importantes heranças eslovenas, que se vem a formar há milhões e milhões de anos.

Pioneira nos fenómenos cársicos, a Eslovénia é rica em cavernas de incrível profundidade, rios subterrâneos e lagos intermitentes. Mas nenhum deles é tão impressionante como as Grutas de Postojna, cerca de 50 quilómetros a sul de Ljubljana. Nelas, estalactites e estalagmites fundem-se para formar colunas de diversas cores e feitios, que o vão fazer sentir pequenino de tão colossais que se conseguem tornar.

Esse crescimento é, no entanto, extremamente lento. Especialistas apuraram que as estalactites e as estalagmites de Postojna aumentam o seu tamanho no máximo em 1 mm, no período de dez anos. Daí que estas grutas sejam o local de maior valor e mais protegido de toda a zona do Carso. Afinal, as colunas mais belas começaram a formar-se há oito mil, 40 mil ou até mesmo 100 mil anos e, uma vez danificadas, seria impossível recuperá-las.

Crédito editorial: carolvegan / Shutterstock.com

A Gruta de Postojna é, dentro do género, a maior em todo o país, alcançando um comprimento de 21 quilómetros e contendo galerias em três altitudes diferentes, umas secas, outras com água corrente e outras completamente inundadas pelo rio Pivka. A primeira galeria foi descoberta, no ano de 1818, por um habitante local chamado Luka Čeč e, desde então, assistiu-se a um processo de adaptação daquelas grutas ao turismo, com a instalação de linhas ferroviárias e a substituição de velas e lâmpadas de azeite por luz elétrica.

A atividade nas grutas é, porém, muito mais antiga do que isso. Os instrumentos em pedra e em osso lá encontrados têm à volta de 50 mil anos e dão conta de que, já na pré-história, o homem fazia uso daquelas formações para se resguardar do frio e para caçar animais que não existiam no exterior. E mesmo as visitas por pura curiosidade remontam ao século XIII, se considerarmos o teor das assinaturas nas paredes junto à entrada.

Entre os pontos mais interessantes das Grutas de Postojna estão: Ruski most, ou a “ponte russa”, construída por prisioneiros russos durante a Primeira Guerra Mundial; Briljant, ou “Brilhante”, uma coluna que, de tão magnífica, acabou por se tornar o símbolo da gruta; Koncertna dvorana, ou “Sala de Concertos”, a maior de todas as galerias, que costumava ser palco de bons concertos e é capaz de acolher até 10 mil pessoas; e as Belas Grutas, nas quais se inclui por exemplo o Salão dos Tubos, uma atrativa galeria em que estalagmites brancas e vermelhas se unem a estalactites tão finas como esparguete.

Um dos aspetos que mais fascina os visitantes das Grutas de Postojna são os variados formatos e cores que as colunas são passíveis de adquirir. Tal depende sobretudo da composição da água que descende da superfície e, ao mesmo tempo, da quantidade de calcário que esta dissolve ao correr nos compartimentos subterrâneos. Mas há outras causas. O tom negro das formações calcárias à entrada da gruta, por exemplo, deriva do facto de estarem cobertas de fuligem. É que, no dia 23 de Abril de 1944, um conjunto de combatentes eslovenos reuniu-se naquela zona para queimar o combustível dos ocupadores alemães.

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